Religioso
Basílica de S.Bento da Porta Aberta
O Santo
São Bento nasceu na cidade italiana de Núrsia, em 24 de Março do ano 480. Filho de uma família nobre e cristã, é enviado para Roma para completar os estudos. Decepcionado com o estilo de vida da cidade, parte para o monte Subiaco, onde numa gruta, durante 3 anos, se dedica à reflexão. Seguidamente, funda a Ordem Beneditina, cujo lema está espalhado na celebre regra "Ora et Labora" - Reza e Trabalha. Após uma vida consagrada a Deus e aos outros, realizando prodígios e milagres, morre a 21 de Março de 547. Proclamado como "Padroeiro da Europa" e Patriarca dos Monges do Ocidente, atrai milhares de peregrinos a cada santuário onde é venerado.
A sua imagem caracterizada pela figura do corvo, remete-nos para um dos episódios da sua vida, o pão envenenado, que lhe foi oferecido como presente por Florêncio, seu discípulo, e que o Santo sabia estar envenenado. Por isso mandou que o corvo, que habitualmente aparecia por ali, o levasse para longe, para que ninguém o pudesse encontrar.
O culto a S. Bento, em Rio Caldo, deve a sua origem à influência dos monges de Santa Maria de Bouro.
Em 1640, é construída a primitiva ermida, numa pequena elevação. Segundo a tradição, esta possuía um alpendre, como a maioria das capelas do alto dos montes, e tinha sempre as portas abertas, servindo de abrigo a quem passava... daí lhe terá advindo a designação de S. Bento da Porta Aberta. A actual Basílica é recente. Iniciou-se a sua reconstrução em 1880 e concluiu-se em 1895. São dignos de realce os painéis de azulejos da capela-mor, que retratam a vida de S. Bento, assim como o retábulo de talha coberto a ouro. Devido ao aumento do número de peregrinos, em 1998, foi inaugurada a actual Cripta.
Infra-Estrutura
Atendendo á diminutas dimensões da igreja existentes, foi decidido no ano de 1994, erigir um novo espaço muito próximo do primeiro, tendo sido entregue ao arquitecto Luís Cunha a preparação do projecto. A construção ficou concluída, incluindo as zonas envolventes, no ano de 2002. Em todo o edifício há uma ligação de simplicidade entre a construção civil e tudo o resto. O projecto contemplou grandes aberturas para o exterior facilitando o arejamento e o contacto com a natureza, de modo especial na zona nascente.
Painéis de Azulejos
Dignos de uma observação atenta são os painéis de azulejos, pintados por Querubim Lapa, que bem retratam episódios da vida de S. Bento.
No primeiro podemos o monge Romão a entregar comida a S. Bento, que durante 3 anos permaneceu isolado numa gruta, no Monte Subiaco, a 60Km. de Roma, em oração e meditação. O lado direito deste painel chama a atenção para a importância da Ordem de Cluny no desenvolvimento da vida monacal.
O segundo painel revela-nos a forma como S. Bento ultrapassa as tentações através do sacrifício ("lançou-se nú no meio de um matagal de espinhos") e da oração. Esta faz parte essencial da vida dos monges e da "regra de S. Bento".
O painel seguinte narra o episódio da foice, perdida no lago, e que foi recuperada por S. Bento: mergulhou o cabo da foice esta foi ao seu encontro, podendo assim, o monge continuar a trabalhar. O trabalho é um dos componentes da regra beneditina, a que se alude no lado direito deste painel.
O quarto painel apresenta 2 episódios da vida do Santo. O primeiro, o episódio do pão envenenado e do corvo (Ver "O Santo") e o segundo relacionado com a história da pedra que era impossível remover do local onde se encontrava (os monges atribuiram este facto á presença do demónio). Só com a intervenção de S. Bento, que lançou a sua benção sobre ela foi possível concretizar a sua remoção.
No painel seguinte está representado o encontro entre Tótila e S. Bento. Tótila, rei do Ostrogodos, que tomou e saqueou Roma em 547, tentou enganar o Santo, ordenando a um seu oficial que vestisse as suas roupas e se encontrasse com S. Bento, como se fosse o próprio rei. Mas foi imediatamente reconhecido e voltou para contar a Tótila o que tinha sucedido. O sexto painel lembra o aparecimento sem se saber como, de duzentas medidas de farinha em sacas, à porta do Convento, quando a região da Campânia sofria uma grande escassez de alimentos e os frades passavam privações na sua alimentação. Do lado direito do painel aparece uma referência ao célebre Mosteiro de Einsiedeln, na Suiça, grande centro culturar e de grande importância na expanção do espírito beneditino.
A revelação dos planos para a construção do mosteiro de Terracina está retratada no painel seguinte. S. Bento envia frades para esta cidade com a finalidade de construírem um mosteiro e assegura-lhes que ele próprio lhes dará todas as informações necessárias. De facto, através de um sonho são revelados todos os planos de construção. O lado direito apresenta a "Regra", onde se descrevem as acções e procedimentos dos monges e cuja divisa é "Ora et Labora", Reza e Trabalha.
O oitavo painel apresenta o último encontro de S. Bento com a sua irmã, Santa Escolástica, durante o qual se verificou o milagre da tempestade. Aos pedidos da irmã, para que este encontro se prolongasse, S. Bento reagiu negativamente. Sucedeu, porém, uma violenta tempestade, que impediu que o Santo regressasse ao Convento e deixasse a irmã.
O lado direito do painel faz alusão à acção evangelizadora, dos portugueses no Brasil.
O quadro que se apresenta no painel seguinte, reflecte a visão protagonizada por S. Bento, quando, à noite, estando à sua janela, viu o mundo inteiro como que recolhido num único raio de luz e a alma do bispo de Cápua, Germano, ser conduzida por um anjo, em direcção ao paraíso. Referência, no lado direito, para Santa Cecília, padroeira da música e a Abadia beneditina de Solesmes, onde se desenvolveu o canto gregoriano e cuja biblioteca possuía extraordinárias colecções de manuscritos musicais.
O último painel refere a morte de S. Bento, anunciada antecipadamente, pelo próprio, aos seus discípulos. A morte não é o fim, mas o inicio da acção evangelizadora. Actualmente, S. Bento é designado como o patriarca do Ocidente e o "Pai da Europa".
Casa do Apostolado
É assim chamado o aproveitamento de dois edifícios contíguos, outrora destinados ao quartel da GNR e à residência do Capelão. Sentido-se a necessidade de um edifício para a realização de actos de índole pastoral, foi criada esta estrutura. Fundamentalmente, destina-se este centro pastoral ou casa de apostulado, a prestar ajuda aos movimentos e obras apostólicas dos concelhos de Vieira do Minho e Terras de Bouro.
Casa das Estampas
Adaptada aos tempos correntes, nela se vendem os bens e recordações relativos a São Bento da Porta Aberta e à sua acção pastoral e taumaturga. É, também, o local para entrega de objectos e esmolas para a celebração das Missas.
Casa dos ex-votos
Anexa à Casa das Estampas existe a "Casa dos ex-votos", que alberga todas as recordações entregues pelos fiéis devotos do Santo patriarca. Destacam-se os objectos de ouro e prata, as vestes de casamento e baptizado, as velas, as fotografias, as próteses, os têxteis, entre outros objectos pessoais.
Enfermaria
Atendendo a que são milhares - sobretudo nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro - as pessoas que no dia a dia percorrem a pé os caminhos que levam ao santuário, há necessidade de um acolhimento eficaz, numa vertente da saúde. Para solucionar esta dificuldade, construiu-se uma enfermaria para atendimento de todos os peregrinos. Dispõe de 14 camas, enfermeira permanente. Ao fim de semana e, diáriamente durante o Verão, os serviços são complementados por uma médica.
Parque de Merendas e Lazer
Dispõe hoje o santuário de um parque sobranceiro, para que os peregrinos possam descansar, divertir-se e tomar as suas refeições. Possui um lago com barcos, várias mesas e bancos para refeições e descanso. Os novos terrenos destinados ao parque estão em estudo como parques temáticos.
Peregrinações
Ao longo dos tempos, muitos milhares de peregrinos têm percorrido, a pé, dezenas de quilómetros em direcção ao santuário de S. Bento da Porta Aberta. Vários caminhos da Fé foram sendo traçados, em conformidade com a região de onde provinham os romeiros. Assim, surgem os caminhos do Formigueiro, das Pontes, de Montalegre, de Vilar da Veiga e de Lóbios, entre outros. Nestas peregrinações, para além do sacrifício da caminhada, ainda se mantém o costume centenário de se oferecerem grandes quantidades de sal. Este, outrora, era pedido de porta em porta e o peregrino não o podia pousar durante a caminhada. O costume radica, entre outras tradições, na oferta que os salineiros faziam, incentivados pelos frades, para a ajuda das despesas dos santuários dependentes do Mosteiro de Bouro, entre os quais se contava o de S. Bento. Como estas ofertas eram realizadas em dias de romaria, também outros peregrinos começaram a imitar os salineiros e, assim, o costume se vai espalhando, perdurando até aos dias de hoje.
As principais peregrinações realizam-se durante os meses de Março, Julho e Agosto.
Fonte: www.sbento.pt
Oração de S.Bento
Ó glorioso patriarca S.Bento, que abandonas-te o mundo e foste para o deserto, entregando-vos todo a Deus e servindo-o sempre com espírito de penitência e santa pureza, que encheis o mundo com os prodígios da vossa intercessão, obtende-me do Senhor...
(aqui indica-se o que se deseja obter)... se for para o maior glória de Deus e salvação da minha alma; mas dai-me, sobretudo, um espírito de mortificação e conformidade com a vontade de Senhor, ajudai-me a vencer as tentações para que, imitando as vossas virtudes na terra consiga glorificar convosco a Trindade Santíssima no Céu. Assim seja.
Três Pai Nosso e três Avê Maria e Glórias pela necessidades da Igreja e conversão dos pecadores.
Pode imprimir-se e concedemos 100 dias de indulgência.
Braga, 27 de Junho de 1946
+ António, Arcebispo Primaz
A peregrinação à basílica da Serra do Gerês
Depoimento
"Subida à Calcedónia, uma das coroas de gloria cá da terra. A tarde estava como um veludo, e as fragas, amolecidas pela luz, pareciam broas de pão a arrefecer. Do alto, a paisagem à volta era dum aconchego de berço. Muros sucessivos de cristas - círculos concêntricos de esterilidade - envolviam e preservavam a solidão. Nas vezeiras, resignadas, as rezes esmoíam os tojos como quem ajeita um cilício ao corpo. E mais uma vez me inundou a emoção de ter nascido nesta pequena pátria pedregosa que é Portugal. Há nessa condenação como que uma graça dos deuses. Também é preciso ser de eleição para merecer certas pobrezas..."
Miguel Torga In "Diário VI"
"O Gerês sempre simbolizou a harmonia entre o Homem e a natureza, numa partilha permanente de actividades e sentimentos, das gentes aliada à Natureza das inóspitas montanhas de granito moldadas pelo tempo. As águas correm cristalinas pelos ribeiros e o ar puro envolve a grande diversidade da fauna e da flora proporcionando um movimento contínuo de calma e prazer."
Geres.pt